Fujimori, que governou o Peru por uma década em uma das gestões mais polêmicas da América Latina, tratava um câncer na língua. Ele foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e era acusado de corrupção e abusos dos direitos humanos. Mas foi solto em 2023 por um habeas corpus.
O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, que governou o país durante uma década, morreu nesta quarta-feira (11) aos 86 anos. A morte foi confirmada pela filha dele, Keiko Fujimori.
"Após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o encontro com o Senhor. Pedimos àqueles que o estimaram que nos acompanhem com uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Obrigado por tudo, papai", disse a filha em comunicado assinado pelos quatro filhos do ex-presidente.
A morte ocorreu na casa da filha, Keiko, no bairro de San Borja, em Lima, onde ele recebia tratamento médico constante. Fujimori foi morar no local após ter saído da cadeia, em dezembro de 2023. Diversos familiares do ex-presidente visitaram a casa nesta quarta.
Segundo a mídia local, o Governo peruano prestará honras de Estado a Fujimori, "seguindo estritamente os protocolos estabelecidos pela chancelaria".
A última vez que Fujimori foi visto publicamente foi em 4 de setembro, saindo de cadeira de rodas de um hospital privado. Na oportunidade, ele foi questionado por jornalistas se disputaria a eleição em 2026, conforme planejava. Sorrindo, Fujimori disse: "Vamos ver, vamos ver."
Em comunicado oficial, o Governo do Peru lamentou a morte de Fujimori e desejou condolências à família. "A Presidência da República lamenta o sensível falecimento do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori. Nossas sinceras condolências à família, a quem acompanhamos em sua profunda dor. Que Deus o tenha em Sua glória e que descanse em paz", disse o comunicado.Um dos líderes mais polêmicos da história recente da América Latina, Fujimori governou o Peru entre 1990, quando derrotou Mario Vargas Llosa nas urnas, e 2000. No início do governo, impressionou apoiadores e críticos por ter controlado a hiperinflação do país e pela luta contra a criminalidade. Mas logo surgiram denúncias de que ele ordenou massacres como parte de sua política de combate ao crime organizado, além de violações graves de direitos humanos, seguidas de suspeita de corrupção.Apenas dois anos depois de chegar ao poder, em 1992, Fujimori aplicou um autogolpe, fechando o Congresso. Nos anos seguintes, foram emergindo denúncias de violações dos direitos humanos, abuso de poder, corrupção e até de que ele teria mentido à população sobre sua nacionalidade — a oposição afirmou que ele, na verdade, nasceu no Japão, mas adulterou sua certidão de nascimento para poder concorrer à presidência no Peru.Diante da chuva de denúncias, o ex-presidente deixou o país em segredo. Ele fugiu para o Japão, onde seus pais nasceram, e, de lá, enviou um fax com um pedido de renúncia. Ficou em autoexilio por sete anos, mas foi preso durante uma visita ao Chile e extraditado de volta ao Peru. Em 2009, foi condenado pela morte de 25 civis durante dois massacres executados pelo Exército peruano.
Após um julgamento que parou o Peru, o ex-presidente foi preso, mas, em dezembro de 2023, teve a condenação revogada. Ele havia sido solto em 2017 por uma concessão de perdão por parte do governo, mas a Corte Interamericana de Justiça revogou o perdão, e ele voltou a ser preso.
No ano passado, porém, o Tribunal Constitucional deu decisão favorável a um habeas corpus, e ele deixou o presídio em que estava, em Lima. Fujimori cumpria pena de 25 anos de prisão.
Neste ano, ele chegou a anunciar que planejava voltar a concorrer às eleições do país. Sua filha, Keiko Fujimori, também se candidatou três vezes à presidência, mas perdeu em todas elas. A última foi em 2021, quando foi derrotada pelo esquerdista Pedro Castillo.
Keiko também já foi presa, de forma preventiva, como parte de uma investigação por suspeita de corrupção envolvendo a brasileira Odebrecht. Ela nega as acusações, mas foi proibida de deixar o pais
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